Os monossacarídeos são sólidos cristalinos, incolores, muito solúveis em água e insolúveis em solventes não polares. A D-xilose é um monossacarídeo do grupo das aldoses que contém 3 carbonos assimétricos e, assim, tem formas isoméricas oticamente ativas. Como muitas aldoses tem dois ou mais centros quirais, os prefixos D e L são usados em referência à configuração do carbono quiral mais distante do átomo de carbono da carbonila. Quando o grupo hidroxila desse átomo de carbono mais distante projeta-se para a direita na fórmula de projeção, ela designa um D-açúcar.
A D-xilose é utilizada para estudar a capacidade de absorção intestinal.A D-xilose é uma pentose absorvida no duodeno e jejuno proximal por difusão passiva e difusão facilitada na proporção de 70 % da quantidade ingerida; sendo que 60 % é metabolizado, independente de qualquer regulação hormonal, e o restante é eliminado na urina na proporção relativamente constante de 40 % da quantidade ingerida. Após a absorção, uma pequena parte é metabolizada, sendo a maior parte excretada na urina nas primeiras cinco horas.
Técnica
O fato de não se encontrar normalmente xilose no sangue, bem como o de apenas uma pequena fração ser metabolizada pelo fígado, constituem vantagens sobre as outras provas de absorção de carboidratos. A técnica da prova consiste em administrar ao paciente, pela manhã, após jejum de 12 horas e tendo esvaziado previamente a bexiga, 25 gramas de xilose dissolvida em 250 ml de água, seguida imediatamente da ingestão de volume idêntico de água ( total: 500 ml), para garantir diurese satisfatória. Colhe-se toda a urina formada nas cinco horas que se seguem à ingestão, dosando-se a xilose excretada naquele intervalo.
Resultados
A eliminação urinária da xilose varia de acordo com o autor, alguns consideram normal de 5 a 8 g, sendo um pouco mais baixa no indivíduo idoso e outros autores consideram normal a excreção de 4,5g. Abaixo de 4 g indica má absorção intestinal.
O número de resultados falsamente positivos atinge, entretanto, 35 % o que dá ao teste maior interesse no estudo etiológico de uma má absorção já conhecida que em sua evidenciação.
Interferentes
Alguns fatores podem modificar os resultados e dificultar a interpretação, como a aceleração do trânsito, que diminui a absorção duodenal ( exemplo: gastrectomia); a insuficiência renal, a retenção de urina, os problemas do metabolismo hidro-eletrolítico, que retardam a eliminação; a infecção intestinal; as bactérias intestinais podem metabolizar a xilose, mas devem ser em grande número, em vista da curta duração do teste; finalmente, a insuficiência hepática, na qual a eliminação é aumentada.
A dosagem paralela da xilosemia relaciona que na associação de baixa excreção urinária e xilosemia baixa significaria má-absorção, ao passo que o achado de valores urinários baixos da pentose com níveis sangüíneos altos significaria baixa eliminação por insuficiência renal. Entende-se que o exame de urina de rotina, mostrando boa densidade urinária, bem como os valores de uréia e a creatinina normais no sangue, atestam a boa capacidade funcional do rim, dispensando a dosagem da xilosemia.
Esta prova é de grande utilidade para o diagnóstico da má absorção primária, visto que os resultados são patologicos em mais de 90 % dos casos, enquanto costumam ser normais na insuficiência pancreática. Além disso, podem-se observar achados patológicos na insuficiência cardíaca, insuficiência renal e estenose pilórica – constituindo uma causa de erro.
Sintomatologia da má absorção
Os sintomas associados com a má absorção são os que acompanham a má digestão. Muitos destes sintomas se devem à produção excessiva de gases obtida pela ação bacteriana sobre o alimento não digerido. A diarréia é o resultado de uma diurese osmótica que impede a reabsorção necessária dos líquidos gastrointestinais.
Quando estes sintomas são causados pela produção e liberação insuficientes das enzimas digestivas pancreáticas se trata de uma síndrome de má digestão. Quando os sintomas se observam junto com uma função exócrina normal, se trata de um problema de má absorção.
A má absorção pode ser devida a diversos agentes patógenos como vírus ou bactérias capazes de atacar os microvilosidades do intestino delgado, impedindo uma boa absorção. No caso de certas infecções bacterianas, isto pode ser o resultado da ação de suas toxinas. Uma resposta quase imunológica de certos componentes dos alimentos, por exemplo o glúten, também pode causar enfermidade celíaca e má absorção. Os processos inflamatórios do intestino de causa desconhecida, como a doença de Crohn também podem levar a má absorção. Outros casos menos freqüentes de má absorção se devem a diminuição de certas enzimas intestinais, sendo as mais comuns a falta de lactase como também a falta de outras dissacaridases. A incapacidade para hidrolisar os dissacarídeos faz com que os alimentos não sejam absorvidos e a diurese osmótica resultante produz vários sintomas de má absorção.
Conclusão
A xilosúria é uma prova bioquímica usada para o diagnóstico e acompanhamento da síndrome de má absorção que avalia a capacidade do duodeno e do intestino delgado proximal. Como este exame tem o inconveniente de ter um número elevado de falsos positivos, ele é mais útil para o acompanhamento de síndromes de má absorção que já estão caracterizadas como tal.