Após treze longos anos de árduo e até penoso trabalho, conseguiu-se concluir a construção do novo Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, cuja inauguração aconteceu à 22 de maio de 1880, em presença de SS.MM.II. (Suas Majestade Imperiais) DOM PEDRO II, Imperatriz THEREZA CHRISTINA e ilustre comitiva, autoridades, pessoas gradas e povo residente dentro e fora da província, de cujo evento transcreve-se a ata de inauguração em sua íntegra, conforme o léxico corrente da época:
“Acta de inauguração do Hospital de Misericórdia da Capital do Paraná com a augusta presença de SS.MM.II., comitiva e mais dignidades e povo.
No anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, de um mil oitocentos e oitenta, qüinquagésimo nono da independência e do Império, as doze horas do dia vinte de maio, nesta cidade de Curityba, capital da província do Paraná, antiga cabeça da quinta comarca de São Paulo, elevada a cathegoria de Província, pela Lei de 12 de agosto de 1853 (mil oitocentos e cinqüenta e três), e instalada pelo seu primeiro Presidente Conselheiro ZACARIAS DE GOES E VASCONCELOS, achando-se reunidos no novo Hospital de Misericórdia, o respectivo Provedor irmão Doutor ANTÔNIO CARLOS PIRES DE CARVALHO E ALBUQUERQUE, os irmãos funcionários abaixo assignados, com os demais irmãos, o Irmão Provedor declarou que, havendo Sua Majestade o Imperador se dignado honrar o acto com sua presença e de sua Majestade a Imperatriz, designava todos os irmãos presentes para em corporação receberem os Augustos Imperantes. A hora apresada chegando Suas Majestades, acompanhadas de sua comitiva composta pelos Exmos. Senhores Ministros da Agricultura, Visconde de Tamandaré, Barão de Maceió, Conselheiro José Caetano Andrade Pinto, Doutores presidente da Província MANOEL PINTO DE SOUZA DANTAS FILHO, presidente da Assembléia Provincial e Deputado Geral por esta Província, Deputados Provinciais, ANTÔNIO RICARDO LUSTOSA, Padre JOÃO BAPTISTA FERREIRO BELLO, Dr. FRANCISCO THERESIO PORTO, JOAQUIM VENTURA DE ALMEIDA TORRES, Tenente-coronel BENEDICTO ENÉAS DE PAULA, Dr. presidente e mais vereadores da Câmara Municipal, reverendíssimos Vigário Geral e Forense e o da Vara e mais sacerdotes desta Parochia, Drs. Chefe de Polícia de Juiz de direito da Comarca, Juiz de Paz, o Conselheiro JESUÍNO MARCONDES DE OLIVEIRA E SÁ chefes mais funccionários das repartições públicas, autoridades militares, representantes do “JORNAL DO COMMÉRCIO”, “CRUZEIRO” e ‘GAZETA DE NOTÍCIAS”, da Côrte, e os redactores do “DEZENOVE DE DEZEMBRO”, “PROVÍNCIA DO PARANÁ” e do “PARANAENSE”, e muitas pessoas gradas, forma SS. Majestade recebidas solenemente pela Irmandade, penetrando no recinto do edifício em cuja Capella ouviram missa celebrada pelo Reverendíssimo Vigário Geral Forense, auxiliado dos demais sacerdotes presentes.
Terminada a missa, SS.MM. precedidos do mesmo acompanhamento, dirigiram-se para o grande salão no pavimento superior do edifício, e ahi, depois de observadas as formalidades do estylo, e concedida vênia de S. Majestade o Imperador, o Dr. provedor leu um discurso anologo terminado o qual, deu por inaugurado o edifício do Hospital de Misericórdia da capital do Paraná, franqueando-o aos desvalidos. Em fé do que eu JOAQUIM ANTÔNIO GONÇALVES DE MENEZES, procurador da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, servindo de escrivão, no impedimento do effectivo, lavrei esta acta que vai assignada por SS.MM. Impariaes, sua comitiva, autoridades civis e militares, Irmandade e demais pessoas presentes.
(assignados): – DOM PEDRO II, Imperatriz THEREZA CHRISTINA, …” Além do Imperador e da Imperatriz, mais 160 pessoas assinaram a “ACTA”, que foi transcrita em sua íntegra, com o vocabulário corrente do século passado, sendo por isso que algumas palavras parecem estar datilografadas erroneamente, mas era assim que se escrevia há exatos cento e vinte e nove anos atrás.