SIGMUND FREUD (1856-1939) iniciou uma revolução intelectual histórica na visão que o homem tem do próprio homem com o desenvolvimento de sua teoria psicanalítica. Considerava que as forças inconscientes eram altamente significativas como causa do distúrbio mental e emocional. Ao desenvolver a psicanálise como um método de tratamento e investigação, deu grande relevância à sexualidade e à amnésia infantil; os princípios do prazer e da realidade; a psicodinâmica; o complexo de Édipo, a inveja do pênis; as lembranças ocultas, a rivalidade entre irmãos; a cena primária; as bases do id, do ego e do superego; a teoria da libido; os mecanismos da repressão e outros mecanismos de defesa; e o emprego terapêutico do divã, a livre associação, a análise dos sonhos, das parapraxis, a resistência e as transferências.
Viena d’Áustria, fins do século XIX. Perante um público composto quase inteiramente por médicos, Freud desenvolve sua teoria sobre sexualidade infantil. Imbuídos dos preconceitos da época, os ouvintes não admitem que as reações infantis tenham ligações com o sexo e, após violenta discussão com o orador, saem indignados.
Realmente, poucos personagens do mundo da ciência suscitam tão acirrada polêmica quanto Freud, o criador da psicanálise. E poucas pessoas se entregam de maneira tão completa e apaixonada à pesquisa do mistério que é a alma humana.
No dia 06 de maio de 1856, nasce Freud em Freiberg, na Morávia, Áustria, hoje Pribor, Tchecoslováquia. Filho de Jakob Freud e Amalie Natanshon, modestos comerciantes judeus. Aos 4 anos de idade, Freud muda-se com a família para Viena, onde passará a maior parte de sua vida.
Primeiro da classe desde o início de sua vida escolar, o jovem Freud revela-se extraordinariamente dotado para a química e a botânica. Atraído pelos trabalhos de Darwin, interessa-se pela pesquisa científica. Influenciado pela obra A Natureza, de Goethe, ingressa na Faculdade de Medicina de Viena, em 1873.
Mas no meio universitário encontra obstinada reação anti-semítica. No entanto, o fato não o abala: “Jamais aceitarei que devesse ter vergonha de minha origem ou, como diziam, de minha raça” – afirmara num trecho de sua autobiografia. Além de ter que enfrentar o preconceito, o jovem estudante vive momentos difíceis em família. Com a quebra da bolsa de valores de Viena, Jakob Freud ficou falido. Para sobreviver, sua família é obrigada a aceitar a ajuda de parentes.
Durante o curso de medicina, Freud fez experiências com a cocaína. Usou-a, ofereceu à sua noiva, às suas irmãs e aos seus amigos, sendo responsável pela introdução da substância na prática médica. Entusiasmado com ela, descobriu que a cocaína curava sua depressão e ajudava na indigestão quase crônica. Freud estava convencido de Ter encontrado uma droga milagrosa que curaria da ciática ao enjôo marítimo, e lhe daria a fama e o reconhecimento que ansiava.
Mas isso não iria acontecer. Um dos colegas médicos de Freud, depois de ouvir suas conversas casuais sobre a droga, fez suas próprias experiências e descobriu que a cocaína podia ser usada para anestesiar o olho humano, possibilitando pela primeira vez a cirurgia ocular. Freud publicou um artigo sobre os usos e benefícios da cocaína em 1884, sendo esse trabalho considerado parcialmente responsável pela epidemia do uso de cocaína que varreu a Europa e os Estados Unidos, durando até quase toda a década de 20.
Freud foi criticado por defender o uso da cocaína fora da cirurgia do olho e por difundir essa peste no mundo. Pelo resto da vida, ele tentou deliberadamente apagar toda lembrança do seu endosso à cocaína, chegando a omitir referências ao seu trabalho em sua própria bibliografia. Por muitos anos, acreditava-se que Freud parara de usar a cocaína dos dias de escola médica, mas descobriu-se recentemente que ele usou a droga por mais dez anos, até aproximadamente sua meia idade.
Em 1876, ainda estudante, Sigmund começa a interessar-se por neurologia, e a trabalhar com pesquisas sobre o assunto, com o Professor Ernst Brücke. Aí conhece Joseph Breuer, que se tornará mais tarde seu grande amigo e colaborador.
Em 1881, conclui seu curso de medicina. Sua tese de doutoramento versa sobra o sistema nervoso. E resolve seguir por esse caminho, especializando-se em neurologia. Durante vários anos, trabalha numa clínica para crianças, onde descobre um tipo de paralisia cerebral e escreve um ensaio sobre a afasia – problema de fala proveniente de distúrbios psicológicos.
Freud já é quase independente. Não recebe mais ajuda da família, mas sim de médicos amigos, em particular de Joseph Breuer, com quem passou a trabalhar. Breuer transmite-lhe o resultado de certas experiências que fizera no campo neurológico e conhece sua experiência em um caso de histeria que havia melhorado após tratamento pela hipnose. Sigmund entusiasma-se com a experiência. Dedica-se com afinco a estudar o assunto, não só em teoria mas principalmente na prática.
Acreditando ser a hipnose a solução para as perturbações mentais, muda-se para Paris, em 1885, a fim de estudar com Jean Martin Charcot. A técnica do grande neurologista, que aplica o hipnotismo nos pacientes de sua clínica, torna-se motivo de debate nos meios médicos, mas influencia, ao mesmo tempo, muitos deles. Como Sigmund Freud e Breuer, Charcot também acreditava que a histeria deve ser tratada sob o ponto de vista psicológico e não como doença orgânica. São raros os que pensam assim. A maioria dos médicos ainda prefere seguir o lema: mens sana in corpore sano – um corpo são significa, obrigatoriamente, a presença de mente também sadia
Em abril de 1886, Freud retorna a Viena, onde retoma seu trabalho ao lado de Breuer. E abre seu próprio consultório para clientes particulares. Em setembro do mesmo ano, casa-se com Martha Bernays.
Em seu consultório, Freud aplica o sistema da hipnose aliado ao método da catarse: libertando-se da emoção reprimida, o paciente revive, no sono hipnótico, as experiências que motivaram sua angústia; revelam-se, assim, as “bases” do seu desajuste. Preciosas informações sobre os conflitos inconscientes surgem desse trabalho.
Essa informações colhidas na prática serão mais tarde descritas no livro elaborado em colaboração com Breuer: Estudos Sobre a Histeria. Aos poucos, surgem dificuldades. Os resultados da hipnose são muito relativos: os problemas mais profundos permanecem impenetráveis. Freud substitui o sistema da hipnose pelo da associação livre: o paciente é levado a dizer livremente tudo o que lhe ocorre, à medida que o médico faz perguntas ou menciona certas frases ou eventos. Por essa técnica, o indivíduo muitas vezes acaba relatando fatos que ocorreram há muito tempo e permaneciam “guardados” em seu subconsciente. E, segundo Freud, muitos desses acontecimentos remotos teriam sido esquecidos justamente como um mecanismo de defesa, por serem origem de fortes choques emocionais.
Segundo Freud, ainda, a personalidade estaria composta de três camadas: o Id, o Ego e o Superego. O Id é concebido como sendo a parte mais antiga da mente, inteiramente inconsciente e voltada para a formação dos impulsos, sendo por isso o seu repositório e por isso não apresenta conflitos. O Ego corresponde aproximadamente ao sistema executor das demanda do Id, sendo que é ele o organizador das defesas, assegura a adaptação à realidade , regula os conflitos, faz a censura e representa a razão, a percepção, a memória. O superego é o representante dos aspectos restritivos da psique, ou seja, é quem regula as demandas do Id e a sua execução pelo Ego. Seria as conseqüências das regras impostas pelos pais e convenções sociais.
Durante o período que poderia ser chamado de “primórdios da psicanálise”, Freud observou e deteve-se a analisar o que entrevia no inconsciente de seus pacientes. Chegou à convicção de que todos os problemas psicológicos que se manifestam na vida adulta tem raízes na infância. Suas teorias originam ferrenhas polêmicas nos meios intelectuais; ganhou inimigos exaltados.
A Psicanálise seguia seu caminho. Após esses passos iniciais, Freud começou a entrever uma nova chave para desvendar o mundo oculto da mente. Muitas vezes em seus relatos a respeito das experiências vividas, os pacientes discorriam sobre sonhos que haviam causado impressão profunda. Se inconsciente estava a raiz dos problemas, o sonho poderia ser um caminho para trazer à tona os sentimentos e emoções reprimidos. Imaginou que o sonho poderia funcionar como uma espécie de “válvula” para liberar o choque entre a vontade (do consciente, o Ego) e o instinto (do inconsciente, o Id).
Freud foi o primeiro a interessar-se cientificamente pelos sonhos. considerava o estudo e a interpretação dos sonhos como um passo importantíssimo no sentido de transformar a psicologia em verdadeira ciência. Até então, o assunto só preocupara feiticeiros, astrólogos e adivinhos.
Aprofundou-se no assunto, passou a considerar a interpretação dos sonhos como um dos melhores métodos para vasculhar o mundo subconsciente dos indivíduos. Os conflitos entre o consciente e o inconsciente “escapam” durante o sono, por meio de símbolos, na maioria das vezes surrealistas. A aparente incoerência de determinados sonhos, as seqüências absurdas, os súbitos cortes e mudanças davam a chave de sua significação, quando interpretados por meio e símbolos e da “livre associação”
A partir desse estudo, formulou a sua teoria para explicar as neuroses.
Durante os dez anos em que trabalhou na elaboração de suas principais teorias, Freud esteve só. Em 1906, juntaram-se a ele alguns colegas e discípulos que iriam posteriormente complementar e continuar a sua obra: Alfred Adler, Carl Gustav Jung, Sandor Ferenczi, Wilhelm Steckel, Otto Rank.
Em 1908, reuniram-se no primeiro Congresso Internacional de Psicanálise. Pouco depois fundaram a Associação Internacional de Psicanálise, com sucursais em vários países. Começaram a editar revistas especializadas, e divulgar os resultados obtidos em Viena para o mundo inteiro. A fama das novas teorias logo alcança outros continentes. O renome de Freud chega aos Estados Unidos; em 1909, ele pronuncia uma série de conferências na Universidade de Worcester, em Massachusetts, as célebres Cinco Lições em Psicanálise. É o primeiro reconhecimento acadêmico internacional.
No ano de 1912, seu colaborador Adler se separa dele, em 1913, Jung e a seguir Steckel. Os caminhos seguidos no estudo e na pesquisa já começam a divergir, embora o ponto de partida tenha sido o mesmo. Mas as novas teorias não tiravam o mérito de Freud. Ao contrário, valorizaram-no: foi a partir das idéias dele que elas puderam surgir. E a partir dele, o interesse pelo homem e por seus problemas mais profundos intensificou-se e aperfeiçoou-se.
Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, Freud enfrenta um ambiente hostil, carregado de ódio contra os judeus. Os últimos anos de sua vida coincidem com a expansão Nazista na Europa. E há já dezesseis anos ele sofre de câncer no maxilar. Além da doença, é atrozmente perseguido por causa de suas idéias. Seus livros são queimados em praça pública, junto com muitos outros de autores judeus. A alegação era a de serem perniciosos por conterem “uma pornografia especialmente judaica”.
Seus bens são confiscados e sua biblioteca é queimada. Está com 81 anos quando Hitler invade a Áustria. Seus amigos insistem para que abandone o país. Mas aquela é sua pátria, não quer deixá-la. Retiram-lhe o passaporte e proíbem-no de trabalhar. Graças à intervenção de Roosevelt, presidente dos Estados Unidos, consegue deixar o país e chegar ileso à Inglaterra. Mas morre um ano depois, vitimado pelo câncer.
Hoje, é certo que suas teorias revolucionárias para a época abriram novas perspectivas para a exploração dos problemas do homem. Sua teoria e sua terapia psicanalista foram desenvolvidas e modificadas pelos seus seguidores, enriquecendo-as. Passou a constituir um instrumento obrigatório de pesquisa e interpretação em todos os domínios das ciências humanas. Além disso, as aplicações da psicanálise à crítica artística e literária são extremamente amplas e fecundas.
No Brasil, as obras de Freud foram organizadas em uma enciclopédia de 28 volumes publicados pela Editora Imago, na qual são encontrados todos os trabalhos do Mestre.
O grande mérito de Freud foi abordar temas considerados tabus e imorais em sua época, como por exemplo a sexualidade e ainda, atribuir à ela, grande parte dos problemas psíquicos.
A psicanálise, como afirmara Bleuler, corretamente, diga-se de passagem, acabou se transformando em dogma, não por obra do próprio Freud, pois ele mesmo afirmava que “algum dia a ciência terá máquinas e métodos que descobrirão as causas e os mecanismos que levam aos distúrbios mentais na própria constituição do ser humano, mas por enquanto só posso explicá-los unicamente via minha percepção e observações clínicas e por isso o faço de acordo com minhas concepções científicas” mas seus discípulos e seguidores não entenderam o máxima do Mestre Freud e acabaram por dogmatizar a psicanálise transformando uma teoria em uma máxima cientificamente comprovada ou em uma ciência exata, mas essa valendo unicamente para eles psicanalistas. A teoria do Complexo de Édipo é vista de forma resumida em capítulo mais a frente, enquanto a obra que serviu de inspiração para Freud criar sua teoria da formação de personalidade, a qual chama-se ÉDIPO-REI, uma tragédia grega escrita por SÓFOCLES, por volta do ano 430a.C. está resumida aqui, como se segue.
A narrativa se inicia com o Rei Édipo recebendo, à escadaria de seu palácio, um grupo de jovens e idosos, liderados pelo Sacerdote, vindo estes a suplicar-lhe que encontrasse uma forma de livrar Tebas do mal que afligia a cidade e causava a destruição, a dor e a morte de todos.
Pois eis que o Rei Édipo, já sabendo dos suplícios pelos quais passava seus súditos, estes lhe causando muita dor e provocando-lhe incontido choro, já havia ordenado que seu cunhado Creonte fosse ao templo do deus Apolo em Delfos consultar os oráculos do deus Sol a mister de descobrir qual a natureza do mal que se abatia sobre Tebas e como extirpá-lo.
Voltando Creonte à Tebas, trouxe este as determinações do deus: APOLO, indignado com o assassínio do rei LAIOS, exigia ou o sangue ou o desterro do criminoso, fosse ele quem o fosse.
Ao ouvir Creonte, Édipo disse não ter conhecido o Rei Laios pois este já era morto quando chegou à Tebas e, decifrando o terrível enigma da Esfinge, derrotou-a e sendo por isso feito rei de Tebas e ainda, desposando a viuva de Laios, Jocasta, com a qual teve filhos e filhas e por isso, alienou-se no dever tanto moral quanto divino de elucidar esse assassínio e punir os culpados. Para isso, iniciou a investigação, interpelando o Sacerdote, que também ouvira as ordens do deus, sobre o motivo de não se ter investigado a morte de seu antecessor e este lhe afirmou que devido à ameaça da esfinge, todos eram obrigados a deixarem de lado as coisas duvidosas para se aterem unicamente à rotina e a vida cotidiana.
Primeiramente interrogou Creonte que afirmou ter o Rei Laios sucumbido nas mãos de salteadores (assaltantes que se espreitam à beira dos caminhos) e que todos haviam sido mortos, à exceção do Pastor que conseguira fugir e veio ter à cidade trazendo a nefasta notícia.
Creonte, sábio e profundo conhecedor do povo tebano, sugeriu ao Rei que mandasse chamar Tirésias, o vidente cego para que esse adivinhasse quem era o assassino e onde se escondia, ao que consentiu Édipo. Chamado Tirésias, este disse que o assassino era o próprio Rei Édipo, em cumprimento ao destino traçado a ele pelo deus ao nascer e que determinava: tu, Édipo, um dia matarás teu pai e desposarás tua mãe.
Esta profecia não era estranha à Édipo que já a conhecia de muito e por isso mesmo fugiu de sua terra natal Corintos, para que ela não se cumprisse.
Discutiu Édipo com Tirésias, expulsando-o do palácio e voltando-se, após isso, contra Creonte, acusando-o de estar usando o vidente para destroná-lo e ficar com o poder. Após acirrada discussão, Édipo sentencia Creonte ao desterro, por escolha deste, mas heis que Jocasta, a rainha intervém e apazigua os ânimos, e quando Édipo aproveita para interrogar-lha sobre o local e o tempo da morte de Laios e esta lhe revela que este fora trucidado onde se bifurcam os caminhos de Delfos e Dáulia, e o tempo era o mesmo da aparição de Édipo em Tebas. Neste momento, Édipo foi tomado de horrível pressentimento e perguntou como era o rei Laios e como era seu séquito e, após a descrição e Jocasta, teve o pressentimento de que ele próprio havia matado Laios devido a uma discussão que teve ao encontrá-lo com seu séquito no local onde Jocasta havia descrito. Para ter a certeza de que não fora ele quem matara o Rei Laios, mandou chamar o servo sobrevivente para interrogá-lo e descobrir se fora um ou um bando que matara o séquito do rei Laios.
Enquanto aguarda a chegada do Pastor, Jocasta o interroga sobre o porque de sua aflição e Édipo lhe conta da profecia e diz que a ela que para não matar seu pai, o Rei Políbio, de Corintos e não acabar por desposar Mérope, de Dórios, ele fugiu de sua cidade e vagou pelo mundo até que um dia, a caminho de Tebas encontrou um cortejo que, pela força o obrigou a sair do caminho, mas Édipo, ao reagir, matou a todos, menos o pastor e, para tirar essa imensa dúvida da cabeça, apesar de que ainda não tenha se dado conta de que o homem que ele havia matado era seu próprio pai, pediu que lhe trouxessem o pastor.
Antes que o pastor chegasse, apresentou-se no palácio um Emissário de Corintos, que a procura de Édipo, apresentou-se à Jocasta, trazendo a notícia de que, pela morte de seu pai Políbio, o povo de Corintos o queria fazer Rei do Istmo. Jocasta, ao receber a notícia e sabendo da profecia, mandou a Aia chamar Édipo, imediatamente para vir ter com o emissário. Chegando à presença do emissário e recebendo a notícia, Édipo o interrogou acerca das circunstâncias da morte de seu pai. Morte completamente natural e ao ser interpelado por Jocasta sobre voltar para Corintos, Édipo perguntou ao emissário se sua mãe ainda vivia e, com a resposta era afirmativa, disse à Jocasta que ainda assim a profecia poderia ser cumprida e, ao ouvir isso, o emissário perguntou a Édipo, como súdito que também o era, o porquê de não voltar à terra natal e Édipo dizendo-lhe que não era segredo nenhum, contou-lhe a profecia. Ao ouvir isso, o emissário revelou-lhe que não era filho legítimo de Políbio e Merópe, mas sim adotivo, pois ambos não puderam gerar prole e, ouvindo isso, seu coração se sobressaltou e, ainda ao chegar o Pastor, pelo qual Édipo esperava para interrogá-lo, o mesmo foi reconhecido pelo emissário como o homem que entregou Édipo ainda criança para que o criasse. Neste momento, revelou-se todo o desfecho da profecia que havia há muito se cumprido: Édipo matara o próprio pai naquela bifurcação e, ao decifrar o enigma da esfinge, tomara o poder em Tebas e desposara sua própria mãe, com quem teve filhos e filhas.
Jocasta sabendo que os deuses tramaram um destino infeliz para aquele filho, colocou em seus pés um grampo e mandou que o Pastor o levasse para longe e o matasse, mas chegando ao Ciretão, o Pastor ficou com pena daquela criança e o entregou ao emissário que também pastoreava por aqueles lados àquelas épocas e este o recebeu e entregou à Políbio e Merópe, por não terem filhos, o criaram e, quando o Príncipe Édipo de Corintos soube da profecia, fugiu do país (a cidade-estado de Corintos) e seguiu-se enredo da narrativa.
Ao conhecer a narrativa do emissário que disse ser Édipo filho adotivo de Políbio e ao ouvi-lo contar a história do grampo, sendo que a cicatriz do grampo é que deu o nome Édipo, que significa pés inchados, Jocasta imediatamente se apercebeu da verdade e implorou para que Édipo deixasse o caso de lado e se esquecesse dele, antevendo a desgraça que estava por vir, mas este, teimoso e atávico quis ir até o fim e, por isso, Jocasta se suicidou por enforcamento e Édipo, quando descobriu seu crime, foi até o quarto de sua mãe-esposa e vendo-a morta, pegou seus alfinetes de ouro furando-se os olhos e amaldiçoando-se, pedindo à Creonte que assumisse o governo, cuidasse de suas pobres e desgraçadas filhas e ainda, que Creonte o sentenciasse de acordo com a vontade do deus Apolo. E assim se fez. Creonte, a pedido do próprio Édipo o mandou embora em degredo.
Da mesma forma que Freud, JUNG também buscou inspiração na mitologia grega para compor sua teoria da personalidade que será vista mais a frente.