Até o século XIX, a psicologia fora conceituada como ciência da alma ou como ciência da consciência. A possibilidade de se investigar cientificamente seja um, seja outro desses objetivos foi questionada e negada por pensadores como Kant, enquanto outros como Wilhelm Dilthey, atribuíam o estatuto da ciência à psicologia, embora caracterizando-a como “ciência do espírito”, em oposição à física, considerada “ciência da natureza”.
Na tentativa de trazer a psicologia para o campo das “ciências da natureza”, tornando-a passível de experimentação e quantificação, propôs-se o comportamento como objeto da psicologia. Coube a James Watson, em 1913, a introdução do novo conceito, divulgado a partir de um artigo no qual ele excluía da psicologia as noções de mente e de outros fenômenos não observáveis. Mas, na tentativa de utilizar os métodos experimentais, Watson não foi pioneiro. Em 1879 fora criado em Leipzig, Alemanha, o primeiro laboratório de pesquisas em psicologia, por Wilhelm Wundt, considerado o fundador da psicologia experimental.
Watson negava tanto a consciência quanto a mente ou o espírito como objeto da psicologia argumentando que esta, para se desenvolver como ciência, deveria limitar-se a fenômenos que pudessem ser observados objetivamente. Tais fenômenos seriam os estímulos e as respostas que configuram o comportamento humano, visto por ele como resultante da atividade dos músculos e das glândulas. Baseado nos estudos do fisiologista russo Ivan Petrovich Pavlov sobre os reflexos condicionados, Watson considerava que muitas das nossas respostas iniciais teriam sido adquiridas por condicionamento.
WATSON lançou as bases de uma escola que tem exercido uma considerável influência em nosso século: o BEHAVIORISMO, OU Psicologia do Comportamento, que tem em BHURRUS FREDERICK SKINNER um de seus principais representantes.
O Behaviorismo, inspirado nos estudos de I. P. Pavlov, considera duas classes de comportamentos: o aprendido ou condicionado e o não aprendido ou incondicionado. Nos seres humanos, o comportamento não aprendido limita-se a um pequeno grupo de respostas, principalmente de natureza fisiológica, chamadas reflexos. Estes são provocados naturalmente quando se apresentam agentes apropriados chamados estímulos. Os estudos de Pavlov demonstraram que um reflexo incondicionado pode transformar-se em reflexo condicionado. As primeiras experiências que realizou foram sobre o reflexo salivar do cão: sempre que oferecia comida ao animal, fazia soar uma campainha. O cão naturalmente salivava diante da comida (reflexo incondicionado). Depois de apresentar diversas vezes os dois estímulos juntos, o som era então testado sozinho. Se o cão salivasse, o reflexo era considerado condicionado, pois o animal havia associado a campainha ao alimento.
Reflexos condicionados e incondicionados enquadram-se na classe dos comportamentos respondentes – indesejáveis ou involuntários, em oposição ao comportamento operante, estudado e conceituado por Skinner, que inclui a maior parte de nossas respostas e implica uma atuação sobre o meio ambiente.
A técnica experimental usada nos primeiros estudos do comportamento operante, é considerada originária dos experimentos com animais feitos por EDWARD THORNDIKE dos quais dá-se o seguinte exemplo: “um gato privado de alimentos foi colocado em um caixa, lá permanecendo até que, acidentalmente acionasse um mecanismo, como pressionar um pedal. Isto abria a porta da câmara, possibilitando ao animal escapar e comer o alimento colocado fora. O procedimento era repetido até que o animal tivesse aprendido a tarefa e abrisse a porta com facilidade. Finalmente, quando o método de escapar se tornou rápido e regular, o problema foi considerado resolvido” Thorndike designou esse processo de solução como aprendizagem por “tentativa e erro”, isto é, a tarefa é cumprida através de repetidos ensaios e acertos acidentais.
Posteriormente, na década de 30, Skinner aperfeiçoou as condições de experimentação e observou que o tipo de condicionamento usado por Thorndike era diferente daquele usado por Pavlov, no qual um estímulo neutro (o som) serve para provocar um ato reflexo (a salivação) depois de uma série de associações. Chamou-o de Condicionamento Operante, pois implica em uma ação do organismo para assegurar o seu reforço – no caso do experimento de Thorndike, mover algum mecanismo para receber alimentos. No condicionamento operante não se conhece o estímulo original que causa a resposta. Porém, uma vez dada, ela se torna reforçadora, ou seja, o estímulo se segue à resposta, aumentando a probabilidade de que ocorra novamente.
As Terapias de Comportamento, visando corrigir ou modificar comportamentos indesejáveis, fazem uso dos princípios do reforçamento - ou “conseqüências satisfatórias” de um ato. Também nos processos de aprendizagem em geral e no treino ou “modulagem” de novos comportamentos, o condicionamento operante tem sido aplicado pelos seguidores da escola behaviorista.
O ponto alto da teoria comportamental encontra-se no livro WALDEN TWO, escrito por Skinner pelos idos do verão de 1942, um romance de ficção, no qual o autor descreve uma comunidade formada por homens mulheres e crianças que vivem sob a égide das “leis” comportamentais.