Reino Unido emite alerta após reação alérgica à vacina a Pfizer
Publicado em 9 de dezembro de 2020
Notícia publicada no portal Businnes Insider (leia
aqui) revela reações anafiláticas em pacientes que
tomaram a vacina da Pfizer, mas por quê isso só aconteceu agora, após o
início da vacinação em massa?
Ensaio farmacológico de qualquer droga ou vacina se divide em duas grandes
fazes:
pré-clínica e
clínica.
A fase pré-clínica inicia-se com a descoberta do composto químico ou do
vegetal com algum efeito farmacológico potencialmente rentável e que possa
se transformar em um produto de prateleira de farmácia e dê retorno aos
investimentos, além de muito lucro. Envolve o isolamento e identificação
da droga, os testes de eficácia e segurança com animais, testes de
farmacogenética, no qual são estudados os efeitos na prenhez (gravidez de
animais), amamentação, desenvolvimento dos filhotes cujas mães foram
expostas à droga em teste, devendo serem feitos em camundongos, ratos,
porquinhos da índia, cães, porcos e primatas (macacos).
O grande problema da talidomida foi justamente não terem feito ensaio de
farmacogenética em macacos, resultando na focomelia que acometeu milhares
de recém natos.
A fase farmacogenética é a mais demorada, levando entre 6 e 10 anos até a
droga ser liberada para a fase clínica porque de ser avaliado o
aparecimento de anomalias e síndromes produzidas por alterações ou
mutações cromossômicas na prole, até no mínimo a terceira geração.
Uma vez liberada para a fase clínica, a droga, que agora já é um fármaco
em teste, passará por três fases controladas e entrará em uma última, sem
controle:
- Fase I: ensaio com pequeno grupo de homens
adultos, jovens e saudáveis, para testar a segurança e identificar
potenciais efeitos adversos. Nesta fase os sujeitos da amostra são
selecionados rigorosamente, descartando-se os que podem desenvolver
reações “colaterais” fortes e perigosas;
- Fase II: ensaio com pequeno grupo com a doença
tratável com o fármaco em teste. Os doentes deste grupo também são
rigorosamente selecionados, descartando-se os portadores de outras
comorbidades;
- Fase III: ensaio clínico multicêntrico (diversos
centros de pesquisa ao redor do mundo), randomizado (grupos com ou sem
a doença), duplo cego (quando o médico não sabe se o paciente está
tomando placebo/fármaco padrão ou o fármaco em teste) com uso de
placebo ou fármaco padrão (no caso de ensaios de eficácia comparativa,
usa-se um fármaco já consagrado no tratamento da doença alvo –
veja um exemplo aqui),
avaliando a segurança e a eficácia em grandes grupos e diversas
etnias;
- Fase IV: Farmacovigilância: é a fase pós-lançamento
comercial de um fármaco, quando geralmente aparecem os efeitos
adversos não observados nas fases anteriores.
Por quê os efeitos adversos da vacina da Pfizer não apareceram na
fase III?
Porquê, apesar de ser feito com milhares de sujeitos de etnias
diversas, ainda há um certo controle. Nesta fase III ainda são
selecionados os sujeitos da amostra, excluindo-se aqueles com maior
probabilidade de desenvolverem efeitos adversos, enquanto no
pós-lançamento ou fase de farmacovigilância aplica-se o fármaco em
qualquer um, sem nenhum controle.