O Linux e a sua longa jornada até os desktops
16 de dezembro de 2009 | Autor: antonini
Não é de hoje que escuto as
previsões de supremacia do software livre em desktops, como também
as mais absurdas teorias da conspiração. No entanto, parece que
pouca coisa mudou em termos de adoção, visto que a base de usuários
ainda se concentra na casa dos 1%. Será isso mesmo? Então, convido
aos leitores a acompanharem o Tux e a sua longa jornada para os
desktops…
Por: Ednei Pacheco
Em : 15/12/2009
1996/1997 – As interfaces gráficas amigáveis
Até meados de 1996, as interfaces gráficas disponíveis para os
sistemas GNU/Linux eram simples e precárias em recursos e
funcionalidades. O XFree86 – a antiga implementação livre do
servidor gráfico X -, não dispunha dos recursos modernos até então.
E eis que surgem o KDE (1996) e o GNOME (1997), os dois maiores
ambientes gráficos para os sistemas Unix-like. WindowMaker, IceWM e
AfterStep até que eram bonitinhos na época, mas não chegavam aos pés
da grande dupla, assim que estiveram prontos! O Xfce ainda nem tinha
nascido (2000)…
KDE 1.0
1999 – As distribuições friendly-users
Foi no ano de 1995, o nascimento da distribuição Red Hat, mas só
apenas à partir de 1999 é que as distribuições Red-likes – como o
Conectiva, Mandrake e SuSE – é que começaram a ganhar força entre os
usuários desktops. A maturidade do novo kernel linux (série 2.4), a
existência de bons utilitários de configuração e o surgimento das
primeiras versões funcionais do KDE e GNOME foram os fatores
preponderantes para a sua disseminação.
Uma das versões do Mandrake na
época: o amigável instalador e o desktop
2001 – As aplicações poderosas
Embora contasse com bons ambientes gráficos, um sistema operacional
não é nada, se não houverem bons aplicativos para ele, onde até
então, o GIMP era considerado o maior e mais popular aplicativo
livre na época. Eis que surgem no horizonte, iniciativas
interessantes: a Sun Microsystem libera o código-fonte da suíte de
escritórios StarOffice. O novo projeto livre, então batizado de
OpenOffice.org, nasce com o objetivo de ser a melhor suíte de
escritório livre. E conseguiu! Aliás, o que seria de um desktop sem
uma suíte de escritório?
OpenOffice.org 1.0
2002 – A popularidade dos live-CD
Um dos maiores inconvenientes dos usuários novatos que almejassem
experimentar “esse tal de Linucs” estava no ato da instalação do
sistema. Ainda que tais procedimentos fossem bem menos traumáticos
que antigamente, devido à amigabilidade das novas distribuições,
ainda assim era consideravelmente difícil, devido ao pouco
conhecimento técnico que esses usuários dispunham. Então, com o
nascimento dos live-CDs, a barreira deixou de existir, dando aos
novos aventureiros uma possibilidade de testar o sistema sem gravar
nada em seus HDs, preservando assim o sistema operacional
pré-instalado, seus aplicativos e dados.
Knoppix: uma das principais distros que popularizaram os
LiveCDs
2004 – A ascensão do
Firefox
Há tempos, a Fundação Mozilla vinha trabalhando em uma versão light
de um navegador WEB baseado na engine Gecko, a mesma utilizada em
sua suíte de aplicativos WEB Mozilla. Mas foi em 2004, com o
lançamento da versão 1.0 que o Firefox se tornou a estrela da
Internet. Simples, prático, belo, seguro, eficiente e customizável,
o Firefox mostrou ao mundo que o software livre não é apenas uma
meia dúzia de programinhas “meia-boca” feito por nerds e que pode
perfeitamente fazer parte de seu desktop.
Firefox 1.0
2005 – O suporte de integradores
O empreendedorismo da Dell em disponibilizar distribuições GNU/Linux
pré-instaladas em sua linha de produtos, a iniciativa do Governo
Federal em prover incentivo aos integradores através do programa PC
Popular, entre outras garantias de suporte, começaram mostrar a
força do Tux no mercado, mesmo sabendo que a proposta de adquirir
produtos com uma distribuição bonita e plenamente funcional se
transformou num pretexto para reduzir os preços praticados.
2006 – A popularidade do Ubuntu
Embora tenha sido lançado ainda no final de 2004, foi a
partir de 2006 que o Ubuntu ganhou bastante popularidade. Construída
sobre uma distribuição forte e estável chamada Debian, o seu foco
está na facilidade de instalação e na ótima experiência em
usabilidade, bem como o eficiente sistema de detecção de hardware.
Nos anos seguintes, se tornou a distribuição número um para o uso em
desktops, sendo comercializada por grandes fabricantes e montadores
de hardware, com destaque para a Dell.
Tela inicial do Ubuntu 6.04
2007 – A “força” do Windows Vista
Após 6 anos depois do lançamento do Windows XP, é anunciado o seu
substituto. Mas infelizmente, os seus mínimos requerimentos de
hardware se mostraram inadequados para a grande maioria dos PCs
desktops que se encontravam nos lares domésticos. Portanto, enquanto
que alguns preferiram continuar com o seu sistema antiquado (mas
leve e funcional), outros aproveitaram a oportunidade de
experimentar alternativas com grandes distribuições GNU/Linux, com
destaque para o Ubuntu.
Windows Vista
2008 – A simplicidade dos
netbooks
Quem poderia imaginar que uma classe de notebooks extremamente
simples e baratos, com a capacidade de processamento limitada a de
antigos processadores fabricados há 6 ou 7 anos, as dimensões
minimalistas e a boa autonomia, voltado exclusivamente para a
navegação WEB e editoração, se tornariam a sensação do momento? Eis,
os netbooks! Lançados a partir de 2007, a sua tela LCD
claustrofóbica de 7” adiou para o ano seguinte, a ascensão das
distribuições voltadas para este equipamento, como o Ubuntu Netbook
Remix. Infelizmente, a natural resistência dos usuários foi o fator
preponderante para a adoção do Windows XP Home Edition por parte dos
fabricantes como o sistema pré-instalado, mesmo sendo mais lento e
menos customizável.
A pequena tela exige uma
reorganização da interface
2009 – A computação em nuvens
A proposta da computação em nuvens – como todos já sabem – é a de
prover a execução de aplicativos e a manutenção de dados “nas
nuvens”, onde os servidores se tornam provedores de tais serviços.
Em termos práticos, bastará tão somente um sistema operacional, uma
conexão banda-larga e um navegador WEB, para usufruir todas estas
maravilhas. Nestas condições, o sistema operacional passa a ser (até
certo ponto) “irrelevante”. Então, porquê não optar por uma
distribuição GNU/Linux, pois além de suas qualidades (gratuidade,
rapidez, segurança, manutenção), não teremos mais aquelas clássicas
“amarras” que nos obrigam a utilizar apenas um único sistema
operacional?
EyeOS – um sistema de
código-aberto “nas nuvens”
2010 – O Google Chrome OS
Se já não bastasse a existência de várias boas distribuições aptas
para serem rodadas em netbooks, eis que surge no horizonte, o Google
Chrome OS. Embora o kernel deste sistema operacional seja baseado no
Tux, ele “quebrará” o conceito tradicional de distribuição
GNU/Linux, substituindo as inúmeras aplicações & bibliotecas ao
disponibilizar uma estrutura de arquivos com pouquíssimas
pendências. Ao manter o navegador WEB Chrome OS como o coração do
sistema, sua usabilidade se concentrará nas aplicações disponíveis
nas nuvens, para as quais o Google possui um interessante leque de
serviços. Ainda assim, continuará sendo um sistema GNU/Linux, que
por sua vez, compartilhará com as demais distribuições clássicas,
todas as melhorias que serão implementadas, acelerando ainda mais a
evolução de todo o ecossistema livre.
Tela da primeira versão do
Chrome OS publicada
Então, quais seriam os futuros eventos a serem previstos à favor do
Tux & Software Livre? A partir de agora, deixo por conta da
imaginação de vocês! &;-D
Leia também:
Por Ednei Pacheco <ednei.pacheco [at] gmail.com>
http://by-darkstar.blogspot.com/