Anestésicos podem piorar dor pós-operatória
1 de dezembro de 2009 | Autor:
antonini
Alguns anestésicos podem piorar a
dor após a cirurgia, diz um estudo publicado nos Estados Unidos.
Segundo a pesquisa, feita por especialistas do Georgetown University
Medical Center, em Washington DC, algumas drogas anestésicas usadas
mundialmente possuem efeito irritante, estimulando os nervos e
causando desconforto muito tempo após a operação.
O estudo, incluído na mais recente edição da revista científica
Proceedings of the National Academy of Sciences, pode levar
profissionais da área a optar por outros tipos de anestésicos.
Um especialista britânico disse que resolver o problema da dor
pós-operatória é hoje uma prioridade entre anestesistas.
Alho e pimenta malagueta
Os cientistas sabem há algum tempo que certas drogas, como o gás
isoflurano, são eficientes em levar o paciente ao estado de
inconsciência e mantê-lo nessas condições, mas também são agentes
químicos irritantes.
Alguns anestesistas usam drogas analgésicas para minimizar esse
efeito antes mesmo de ministrar o anestésico.
O novo estudo, no entanto, sugere que a ação irritante dos
anestésicos não é passageira, e permanece durante muito tempo após
os efeitos do analgésico e da anestesia terem passado.
Segundo os cientistas, essas drogas agem nos mesmos receptores das
células nervosas que são ativados quando em contato com substâncias
como alho, mostarda e pimenta malagueta.
Se estimulados de forma muito intensa, os receptores podem não
apenas produzir uma sensação imediata de dor, mas também podem levar
a uma supersensibilização a longo prazo dos sensores da dor no
sistema nervoso.
No paciente, a conseqüência pode ser um aumento significativo da dor
após a cirurgia.
Experiência
Como parte do estudo, os pesquisadores manipularam o DNA de ratos,
retirando dos animais dois receptores nervosos específicos.
Eles verificaram que os animais não apresentaram sinais de dor após
ser expostos aos gases anestésicos.
O responsável pelo estudo, Gerard Ahern, disse: “Não há um
reconhecimento de que essas drogas resultem na liberação de
substâncias químicas que recrutam células do sistema imunológico
para os nervos, o que causa mais dor de inflamação”.
“A escolha do anestésico parece ser um determinante importante na
dor pós-operatória”.
Ahern disse que embora esse efeito possa ser reduzido pelo uso de
outros tipos de anestésicos, as alternativas disponíveis podem não
ser tão eficientes em outros aspectos.
Comentando o estudo, Ian Power, um especialista da University of
Edinburgh, na Escócia, disse que a dor pós-operatória continua a ser
um problema sério, apesar de avanços no campo da anestesia nas
últimas décadas.
“Estamos muito conscientes de que a dor aguda pós-operatória pode
persistir e tornar-se crônica e duradoura, e temos procurado as
razões para isso – talvez essa pesquisa possa esclarecê-las.”
Outro especialista, Richard Langford, do Bart´s e The London NHS
Trust, disse que os resultados são interessantes, mas ressaltou que
vários fatores se combinam para produzir a sensação de dor, como as
proporções da cirurgia, a disposição mental e o grau de ansiedade do
paciente.
Fonte: BBC Brasil