Cerca de 50 milhões de brasileiros têm o bacilo da tuberculose
1 de dezembro de 2009 | Autor: antonini
Maioria de portadores do bacilo da
tuberculose não vai desenvolver doença.
Da Agência Brasil Em Brasília Cerca de 50 milhões de brasileiros têm
o bacilo da tuberculose. A grande maioria não irá desenvolver
sintomas da doença e vai morrer devido a outras causas. Entretanto,
qualquer ocorrência que comprometa o sistema imunológico poderá
fazer a tuberculose se manifestar como doença infecciosa e
transmissível.
A enfermidade pode causar lesões em qualquer parte do organismo
humano, mas ataca principalmente os pulmões. A tuberculose é
disseminada de pessoa a pessoa e não por insetos, utensílios,
transfusão de sangue ou água.
Da mesma forma que em um resfriado comum, quando um paciente com
tuberculose pulmonar tosse, espirra ou fala, os bacilos são lançados
no ar ambiente onde permanecem em suspensão por horas, podendo
atingir outras pessoas ao entrar nos pulmões pela respiração. Cada
paciente pulmonar, se não tratado, pode infectar em média dez a 15
pessoas por ano.
De acordo com o coordenador do Programa Nacional de Controle da
Tuberculose do Ministério da Saúde, Dráurio Barreira, a tuberculose
é o principal motivo de morte na população soropositiva.
“Nos últimos anos, todos os países do mundo vêm ampliando os
esforços para o controle da tuberculose, essencialmente em função do
aparecimento da Aids”, afirmou.
A co-infecção pelo bacilo de Koch e pelo HIV pode elevar em 25 vezes
o risco de desenvolver a tuberculose, que ocorre como doença
oportunista em 15% dos portadores de HIV. Para Dráurio Barreira, o
desafio é identificar precocemente os co-infectados para impedir a
transmissão da doença.
Contudo, outro problema ainda mais premente para o combate à
tuberculose diz respeito à interrupção do tratamento por muitos
pacientes, aos primeiros sinais de melhora.
“A eliminação total da infecção leva seis meses e muitos pacientes
passam a não sentir mais os sintomas nas duas ou três primeiras
semanas de tratamento. Como a febre acaba, a tosse regride, a pessoa
ganha peso, fica mais bem disposta, os doentes tendem a parar com a
medicação”, lastimou o coordenador.
O risco, afirmou, não é só para o paciente, mas para toda a
população que fica exposta aos bacilos que se tornam mais
fortalecidos com esse comportamento. É a chamada resistência
medicamentosa, forma da doença que tem aumentado em todo o mundo e
que é mais letal que a tuberculose primária.
De acordo com o relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS)
divulgado no início do ano em Genebra, a tuberculose resistente a
drogas está se espalhando mais rápido do que os especialistas
previam. O trabalho da OMS, Controle Global da Tuberculose, afirma
que as taxas de bactérias resistentes atingem 20 % em alguns países
– as maiores já encontradas.
O mais preocupante é que, quando o bacilo desenvolve resistência, o
tratamento só tem sucesso em pouco mais da metade dos casos. Além
disso, a medicação é muito mais cara e tem composição altamente
tóxica, o que causa terríveis efeitos secundários.
O relatório mostra que, em 2006, 1,5 milhão de pessoas morreram por
causa da tuberculose. Naquele ano, foram registrados 9,2 milhões de
novos casos da doença. A taxa de queda de 0,6% em 2006 em relação a
2005 foi considerada muito modesta e, levando-se em conta o aumento
da população mundial conclui-se que nunca houve tantos infectados.
O documento teve por base informações colhidas entre 2002 e 2006 com
cerca de 90 mil doentes de 82 países. Em 45 deles há referências de
tuberculose resistente. A recomendação da ONU a todos os países que
convivem com a tuberculose é que aprimorem o tratamento
supervisionado, de forma que os pacientes não abandonem a medicação
antes de estarem totalmente curados.
Segundo Dráurio Barreira, desde meados do ano passado, o Ministério
da Saúde executa um projeto de controle da doença apoiado pelo Fundo
Global da Aids, Tuberculose e Malária. Os recursos do fundo
subsidiam ações inovadoras de controle da tuberculose em 11 das
principais regiões metropolitanas do país.
Dia de combate à doença
Hoje (24) é o Dia Mundial de Combate à Tuberculose. Lançada em 1982
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela União Internacional
Contra Tuberculose e Doenças Pulmonares, a data foi uma homenagem
aos 100 anos do anúncio do descobrimento do bacilo causador da
doença, que ocorreu em 24 de março de 1882.