O exemplo da tartaruga
29 de junho de 2009 | Autor: antonini
Pesquisa com animais indica que metabolismo mais lento pode
significar vida mais longa. Este trabalho chileno tem lógica, pois a
tartaruga tem um metabolismo baixo e consegue viver até 400 anos.
Francisco Galindo
Da Efe
Qualquer trabalho muscular gera
um consumo de energia metabólica, mas poucos sabem que o descanso
também exige um certo gasto energético, que é fundamental para
manter o estímulo vital. Para determinados animais, as
expectativas de existência podem depender de um metabolismo alto
ou baixo, segundo uma pesquisa elaborada no Chile.
Os pesquisadores chilenos Roberto Nespolo e Paulina Artacho, da
Universidade Austral de Valdivia, afirmam que os animais com
metabolismo mais lento conseguem sobreviver por mais tempo.
A pesquisa, realizada com caracóis de jardim, foi publicada após
três outros relatórios anteriores cujos protagonistas eram
roedores. O estudo foi feito em universidades de Inglaterra,
Estados Unidos e Polônia.
A contribuição fundamental do estudo dos especialistas chilenos
consistiu em demonstrar, pela primeira vez, que os animais que
gastam menos energia têm posteriormente mais chance de sobreviver
e se reproduzir.
“Os benefícios da lentidão no metabolismo são aplicáveis aos
animais de sangue frio, como peixes, insetos, moluscos, anêmonas
ou anfíbios”, explicou à Agência Efe o pesquisador Roberto
Nespolo. O especialista, no entanto, descartou que os resultados
possam ser aplicáveis aos seres humanos, pelo menos por enquanto.
A pesquisa, publicada na revista científica “Evolution”, teve
início em 2007 com a seleção de 100 caracóis de jardim, uma
espécie existente em todo o planeta.
Para calcular o gasto energético dessa espécie, Nespolo e Artacho
controlaram a taxa metabólica basal (SMR, na sigla em inglês),
índice que mostra o mínimo de energia de que um animal necessita
para sobreviver.
Segundo os resultados, “a taxas mais baixas de energia, as
possibilidades de sobreviver foram maiores”, e essas
características correspondiam a “caracóis mais lentos, que
passavam mais tempo escondidos”.
No que se refere aos humanos, o professor de bioquímica da
Universidade de Barcelona Mariano Alemany defende que a realização
de qualquer trabalho muscular provoca um consumo de energia
metabólica, mas que o descanso também demanda gastos energéticos.
O gasto energético durante os períodos de descanso é indispensável
por duas razões: para que o sistema bioquímico de substituição
protéica se mantenha em funcionamento e para que as atividades
muscular e nervosa se sustentem e impeçam o bloqueio
cardiorrespiratório.
Em condições de descanso e de relaxamento nervoso e muscular
máximo, o organismo regulará automaticamente o consumo energético
mínimo para manter o indivíduo vivo, o que também é conhecido como
taxa metabólica basal.
Segundo Alemany, esta taxa energética mínima se traduzirá no
consumo de 21 gramas de glicídios (9,5 gramas de gordura por hora)
e de 18 litros de oxigênio puro a cada 60 minutos.
Nos casos de jejum, o tempo máximo aconselhável para ficar sem
ingerir qualquer alimento e manter a taxa energética mínima não
deve ultrapassar 30 dias, pois as consequências dessa privação
podem ser fatais para o organismo.
Outra questão é saber se uma taxa metabólica basal lenta é mais
saudável que a rápida.
A resposta não é simples, porque tudo dependerá de muitos fatores,
embora a literatura médica e científica afirme que as pessoas que
comem e bebem pouco são candidatas a ter uma existência mais
longa.
Mulheres
Os estudos comparativos endocrinológicos mais rigorosos coincidem
em que a taxa metabólica é um pouco mais baixa nas mulheres que
nos homens.
Ela também é menor em pessoas que vivem em ambientes quentes e
maior nas que estão acostumadas a temperaturas mais baixas.
A taxa metabólica tem uma clara relação com a massa corporal, pois
quanto maior a primeira, maiores são as perdas de calor. Isso
obedece a uma relação de superfície de contato com o exterior
maior em relação ao volume.
Esta é a razão pela qual as crianças têm taxas metabólicas mais
altas ao consumir grandes quantidades de energia, que são
revertidas basicamente na manutenção de sua temperatura corporal.
A velocidade com a qual consumimos a energia fornecida pelos
alimentos ingeridos determina o grau de taxa metabólica.
Quanto maior este consumo, maior será a velocidade à qual são
oxidados os nutrientes, a partir dos quais se extrai a energia que
depois é liberada para o exterior sob a forma de calor.
Agentes externos
O metabolismo está sujeito também à ação de diversos agentes
acidentais, como um excesso de massa muscular em consequência da
prática mais intensa de esportes, de determinadas doenças, do tipo
de alimentação ou dos níveis de estresse.
Por outro lado, viver em bairros com muitas áreas verdes pode ser
determinante para uma taxa metabólica adequada.
Esta forma de vida, por exemplo, poderia reduzir o risco de
crianças e adolescentes sofrerem de excesso de peso ou obesidade,
segundo um estudo realizado por três universidades americanas e
publicado na revista “American Journal of Preventive Medicine”.
Os pesquisadores usaram os dados registrados nos serviços de
atendimento primário de Indianápolis, nos Estados Unidos, e
compararam as mudanças de peso de 3.800 crianças e adolescentes
com entre 3 e 16 anos ao longo de dois anos em relação às áreas
cobertas de vegetação em seus bairros, medidas graças a imagens de
satélite.
Desta forma, comprovaram que os que vivem em bairros urbanos com
muitas áreas verdes sofreram menos mudanças no índice de massa
corporal nesse período de tempo.
A explicação é simples: ter por perto um parque, uma praça ou
qualquer outro lugar aberto estimula mais as brincadeiras e a
atividade física do que em outras áreas da cidade com mais
concreto.
A medição da taxa metabólica depende também de fatores e condições
basais diferentes. Por isso, não é a mesma coisa estar acordado,
deitado, relaxado, em jejum, etc. O desgaste produzido pela
digestão de alimentos, por exemplo, é um fator a ser levado em
consideração.
Por outro lado, durante o sono, o consumo energético é um pouco
menor do que em situação de vigília. Além disso, gasta-se mais em
pé do que sentado, e muito mais em um momento de tensão do que de
relaxamento.
não achei o que queria
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abraços