28 de junho de 2009 | Autor: antonini
Um dos problemas fundamentais dos smartphones é que eles guardam um
gigantesco volume de informações importantes (incluindo muitas vezes
até mesmo senhas e outros dados sigilosos), o que torna uma eventual
perda ou roubo do aparelho potencialmente desastrosa. Com isso, os
softwares de encriptação e segurança passam a ser um tema cada vez
mais importante.
Os aparelhos da série E, baseados no S60 terceira edição FP1 (em
diante), como o E71 e o E66, possuem um módulo de segurança bastante
eficaz que permite encriptar os arquivos da memória interna e/ou do
cartão microSD, definir uma senha de sistema e também possibilitar o
travamento remoto do aparelho, através de uma mensagem SMS.
As opções de travamento estão disponíveis no “Ferramentas >
Configs. > Geral > Segurança > Telefone e cartão SIM”, o
mesmo menu onde vão as tradicionais opções relacionadas ao código
PIN e ao travamento do cartão microSD.
Rolando o menu, você encontra três novas opções. O “Período tr.
autom. tel.” permite criar um travamento automático, onde o aparelho
é travado depois de um período determinado de inatividade, após o
qual ele só pode ser destravado usando o código definido na opção
“Cód. de travamento”:
A opção mais interessante, entretanto, é a “Perm. trav. remoto”, que
permite travar o aparelho remotamente, através de uma mensagem SMS.
Nesse caso, você define uma palavra-chave (“trave-me”, ou algo do
gênero) e, ao receber uma mensagem contendo apenas a palavra
especificada, o aparelho fica bloqueado, solicitando o código de
travamento.
Diferente do travamento do cartão SIM, que apenas impede o ladrão de
fazer ligações, este é um código de travamento do sistema, que
efetivamente trava todas as funções do aparelho. Não adianta remover
a bateria (ele volta a pedir o código depois que o aparelho é ligado
novamente), trocar o cartão SIM, nem tentar usar os atalhos para
fazer um hard-reset (que também ficam indisponíveis até que o código
seja digitado:
Alguns mais precavidos chegam a carregar um segundo aparelho mais
simples (e que tenha por isso uma baixa possibilidade de ser roubado
junto com o principal) apenas para poder enviar a mensagem de
travamento imediatamente em caso de roubo.
O travamento oferece um nível moderado de segurança, já que não
existe nenhuma forma óbvia de desbloquear o aparelho. Entretanto,
ele não é inteiramente inviolável; o sistema continua monitorando as
teclas de atalho e aceitando conexões via Bluetooth ou
infra-vermelho, o que deixa a porta aberta para um eventual crack.
Como os dados não são encriptados, um atacante obstinado poderia
também obter acesso aos dados removendo os chips de memória Flash
que compõem a memória interna, e acessar os dados diretamente,
usando outro dispositivo.
Uma observação importante: ao usar o travamento remoto, o sistema
trava também o acesso ao cartão de memória, o que faz com que, mesmo
depois de digitar o código de destravamento, você não consiga mais
acessar os arquivos no PC, nem em outros smartphones (ou seja,
apenas no aparelho original). Para destravá-lo, acesse o
“Ferramentas > Memória” e use o “Opções > Remover senha”.
Estranhamente, a senha solicitada aqui não é a senha de travamento
que você definiu, mas sim a palavra-chave que foi enviada no SMS (o
“trave-me” do exemplo). Feito isso, o cartão volta a ficar acessível
da forma normal.
Uma segunda camada de segurança pode ser ativada através das funções
de encriptação, disponíveis no “Ferramentas > Criptografia”. Elas
eliminam estas últimas brechas, permitindo encriptar o conteúdo da
memória interna, usando a senha de desbloqueio como chave. Ao ativar
a criptografia, o sistema passa a encriptar e desencriptar as
informações em tempo real, conforme elas são acessadas, além de
ativar o recurso de travamento automático (conforme configurado). A
criptografia tem um pequeno efeito negativo sobre o desempenho do
sistema, mas ele não é tão significativo quanto pode parecer à
primeira vista.
É possível, também, encriptar o conteúdo do cartão de memória, de
forma a evitar que os dados possam ser lidos ao espetá-lo em outro
aparelho. As duas opções são independentes, de forma que você pode
encriptar apenas a memória interna, apenas o cartão, ou ambos.
Ao ativar a encriptação do cartão, é criada uma chave criptográfica,
que passa a ser necessária para acessar os dados. Usando a opção
“Criptografar sem salvar chave”, a chave é salva apenas na memória
interna, de forma que se você fizer um hard-reset do aparelho, ela é
perdida para sempre e o cartão de memória fica permanentemente
inacessível, virando um tijolinho.
A segunda opção permite criar um backup da chave, um arquivo que
você pode deixar salvo no PC ou em outro lugar seguro (longe do
smartphone). Em caso de eventualidades, ela permite acessar o
conteúdo do cartão usando outro aparelho. Concluindo, a terceira
opção (“Criptografar com chave recuperada”), permite que você use
uma chave já existente:
Uma boa opção para os aparelhos com o S60 que não oferecem estas
opções (como vimos, elas estão disponíveis em alguns modelos da
série E com o S60 3ed. FP1 e em alguns outros modelos recentes) é
usar o Phone Guardian, que está disponível (12 dólares) no
http://symbianguru.com/.
Ele não oferece as opções de encriptação da memória ou do cartão,
mas oferece a função principal, que é a possibilidade de travar o
aparelho remotamente, via SMS:
Além da opção de bloqueio via SMS, ele oferece também uma opção de
bloqueio automático em caso de troca do chip SIM, garantindo que o
aparelho não possa ser utilizado em conjunto com outro chip, caso
roubado. Mantendo a opção “Lock Mode” em “Both”, ambas ficam
ativadas.
Outra função interessante do Phone Guardian é o alarme, que fica
tocando continuamente (e volta a tocar caso o aparelho seja
reiniciado) até que a bateria se esgote. Ela é interessante
principalmente se você utilizar um valor baixo na opção “Autolock
after” (que ativa o bloqueio automático depois de algum tempo de
inatividade). Imagine o ladrão correndo com o seu aparelho na mão e,
depois de dois minutos, começa a tocar uma sirene que ele não
consegue desativar de jeito nenhum.
A opção “Send Alarm SMS to” complementa a sirene, fazendo com que o
aparelho envie um SMS para um número especificado, contendo o IMEI e
os CellIDs das antenas de transmissão a que ele está conectado.
Estas informações permitem que a operadora descubra a localização do
aparelho via triangulação, criando a possibilidade de recuperá-lo.
Voltando ao travamento remoto, ao enviar o SMS você deve incluir o
comando que vai ser executado e a senha definida no final da
instalação do Phone Guardian. Para travar o aparelho, por exemplo, é
usado o comando :l: seguido da senha, como em “:l:12345”.
Para destravar, é necessário digitar a senha de segurança ou,
opcionalmente, enviar um segundo SMS contendo o comando :u:, como em
“:u:12345”.
Você pode também ativar a sirene remotamente (mesmo que a tenha
deixado desativada nas configurações) enviando um SMS com o comando
:s:, ou fazer com que ele envie o SMS com as informações de
localização usando o comando :i:.
Existe, ainda, uma opção “full lock”, que é ativada ao incluir o
comando :f: no SMS. Ele trava o telefone, ativa a sirene e faz com
que ele envie o SMS com as informações de identificação tanto para o
número pré-configurado quanto para o número a partir do qual você
mandou o SMS de bloqueio.
A principal observação é que o sistema funciona apenas quando o
telefone está ligado e com o seu chip SIM (já que você não tem como
mandar os SMS se ele estiver usando outro número), por isso é
importante usar as opções “Autolock after” para que ele trave
sozinho depois de algum tempo (mesmo que desconectado da rede) e
manter a “Lock Mode” em “Both”, para que o bloqueio seja ativado em
caso de troca do chip.
Concluindo, temos a questão do armazenamento de senhas. Mesmo ao
usar o travamento remoto, ou ao encriptar a memória interna, você
provavelmente não vai querer simplesmente salvá-las em uma nota ou
em um .txt na pasta de documentos, onde ficariam expostas para
qualquer espertinho dar uma espiada quando estiver distraído. É aí
que entram os gerenciadores de senhas, que facilitam a categorização
das informações e usam o AES ou outro algoritmo de encriptação forte
para proteger os dados.
Uma boa opção é o Phone Wallet, desenvolvido pela mesma equipe do
Phone Guardian. Ele é mais um software comercial, mas é barato (US$
9.99) e está também disponível no
http://symbianguru.com/. Ele utiliza o AES de
256 bits como algoritmo de encriptação e oferece uma interface
bastante personalizável, onde você pode classificar as senhas e
notas em categorias e tem opções para exportar e importar as
informações salvas, de forma a fazer backups (também encriptados) da
base de senhas:
Outra opção é o Handy Safe. O principal diferencial dele é o fato de
incluir um gerenciador (infelizmente, apenas para Windows) que pode
ser instalado no desktop, com opções de sincronismo automático. O
maior problema é o preço, já que ele custa US$ 39. Ele está
disponível no
http://www.epocware.com.