Um terço dos principais tipos de câncer pode ser evitado com
alimentação adequada
14 de maio de 2009 | Autor: antonini
Apesar de conter algumas
“inverdades” como por exemplo limites na ingestão de carne vermelha
e associação do câncer com a obesidade, ambos sem comprovação
científica, pois se faltar ferro e folato, cuja maior fonte é a
carne vermelha, o indivíduo desenvolverá, invariavelmente, uma
anemia letal, enquanto encontram-se obesos com idades avançadas e
que nunca tiveram o menor vestígio de câncer, esta matéria merece
divulgação e, principalmente, reflexão e mudança de atitudes.
Quando se fala em câncer, as pessoas logo pensam em palavras de
conotação negativa, como dor, medo e desespero. A doença é
associada, também, ao uso do tabaco e à exposição solar. Mas pouca
gente se lembra que a alimentação exerce um papel importante: cerca
de 30% dos principais tipos de tumor que acometem os brasileiros
poderiam ser evitados com dieta adequada, peso saudável e atividade
física.
O câncer é a segunda principal causa de morte no Brasil (a primeira
são as doenças cardiovasculares). Só em 2008, 130 mil pessoas
morreram por causa da doença e mais de 460 mil novos casos foram
registrados, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
“As pessoas já associam alimentação a doenças cardiovasculares, mas
ainda não existe essa relação com o câncer”, afirma Fábio da Silva
Gomes, nutricionista pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(Uerj) e analista de programas para controle do câncer do Inca. Para
ele, é só questão de tempo para que essa percepção mude.
“As evidências científicas que relacionam alimentos e câncer são
algo recente, de 20, 30 anos, por isso ainda levará algum tempo até
que sejam reconhecidas pela população e pela própria comunidade
médica”, comentou o especialista em evento sobre os mitos do câncer
promovido pela American Cancer Society (Sociedade Americana para o
Câncer), nesta quarta-feira (13), em São Paulo.
Periodicamente, o Fundo Mundial para Pesquisa em Câncer, junto com o
Instituto Americano para Pesquisa em Câncer, publica um relatório
com a revisão de especialistas sobre os estudos que comprovam a
influência da alimentação e da atividade física no desenvolvimento
de tumores. Veja quais as recomendações para prevenção do câncer:
– Mantenha o peso dentro dos limites normais (IMC entre 21 e 23,
para adultos), especialmente a partir dos 21 anos de idade, e evite
ganhos na circunferência da cintura ao longo dos anos. O excesso de
gordura estimula a produção de certos hormônios e processos
inflamatórios.
– Seja fisicamente ativo. Segundo o relatório, isso significa o
equivalente a uma caminhada acelerada de no mínimo 30 minutos por
dia, que deve ser aumentada progressivamente para 60 minutos.
– Limite o consumo de alimentos com alta densidade energética (como
biscoitos e fast food) e bebidas açucaradas, pois eles contribuem
para o ganho de peso, o que aumenta o risco de câncer.
– Consuma pelo menos cinco porções, ou 400 g diárias, de frutas e
hortaliças sem amido (ou seja, batata, mandioca e outros tubérculos
não estão na lista). Segundo Gomes, esses alimentos oferecem
proteção contra agentes cancerígenos, além de inibir o crescimento
de células precursoras de câncer.
A recomendação é caprichar nas cores e incluir produtos à base de
tomates e bulbos como o alho. Sobre o risco do consumo de
pesticidas, o especialista é enfático: “É melhor consumir vegetais
com agrotóxicos do que não consumir”, diz.
– Limite o consumo de carne vermelha (menos de 500 g por semana) e
evite carnes processadas ou salgadas. Os nitritos e nitratos usados
em processos como a defumação geram compostos que podem ter ação
carcinogênica, assim como o excesso de sal pode gerar danos às
mucosas. O nutricionista também comenta que o preparo das carnes “na
chapa” também pode levar à liberação de alcatrão e outros
componentes que aumentam o risco de câncer. Por isso, limite o
consumo de churrasco e dê preferência às carnes assadas ou cozidas.
– Limite o consumo de bebida alcoólica. O consumo máximo deve ser de
dois drinques (cada porção contém cerca de 10-15g de etanol) para os
homens e um para as mulheres ao dia.
– Tome cuidado com a conservação de grãos e cereais. Quando não são
armazenados adequadamente, esses alimentos podem gerar o crescimento
de fungos que produzem aflatoxinas, substâncias que podem causar
câncer de fígado.
Gomes lembra que o uso de suplementos nutricionais para prevenir ou
combater o câncer não são recomendados. “Toda vez que os
pesquisadores identificam um componente em determinado alimento que
parece proteger contra o câncer, a indústria logo o transforma em
suplemento e isso pode resultar no efeito contrário”, alerta,
referindo-se a experiências mal-sucedidas com betacaroteno e
capsaicina (componente da pimenta), que podem trazer riscos à saúde
quando consumidos em forma de comprimidos.
O relatório do Fundo Mundial para Pesquisa em Câncer esclarece, no
entanto, que o uso de suplementos é indicado em situações de
inadequação alimentar.
Do UOL Ciência e Saúde
Em São Paulo