15 de novembro de 2008 | Autor: antonini
Os
novos eldorados econômicos da Amazônia apresentam números de
exploração sexual de crianças e índices de qualidade de vida na
infância piores que os de outras cidades na floresta, informam os
enviados especiais do Estado à região Leonêncio Nossa e Celso
Júnior.
Líderes na arrecadação de impostos e royalties de gás, petróleo,
bauxita e minério, os municípios de Coari (AM), Juruti e Parauapebas
(PA) vivem um boom econômico, mas registram, ao mesmo tempo, índices
de violência contra meninas proporcionalmente semelhantes aos que
surgiram nos anos 70, no rastro da traumática experiência de
desenvolvimento impulsionada pela Rodovia Transamazônica, pela mina
de Serra Pelada e pela hidrelétrica de Tucuruí.
Após 34 anos da abertura da Transamazônica e de 25 anos do auge do
garimpo e da inauguração da usina, a Amazônia desses municípios
repete padrões de crescimento igualmente destruidores, tem gestões
públicas sem transparência, além de ignorar o Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA).
A estatística das meninas grávidas com idade até 15 anos é o retrato
fiel da situação. Das mulheres que tiveram filhos no Brasil, nos
primeiros seis meses deste ano, 1,3% estavam nessa faixa. Esse
índice cresce nos Estados do Amazonas e do Pará para 1,9%, mas é dez
vezes maior em Coari, 13,9% – em 1995, um ano antes da chegada da
Petrobras à cidade, 1,7% das grávidas do local tinha idade abaixo de
15 anos.
Parauapebas registrou no primeiro semestre deste ano uma taxa de 2%
de grávidas com idade abaixo de 15 anos. Em Juruti, do total de
grávidas atendidas no hospital local, no ano passado, 2,5% tinham
idade abaixo de 15 anos – esse porcentual foi de 0,9% em 1995.
Nos projetos de prefeituras e empresas que lideram a atividade
econômica nesses locais – Alcoa, Vale e Petrobrás – sobram intenções
e faltam objetivos práticos que mudem o panorama. E não é por falta
de dinheiro.