Descoberta nova droga que promete tratar a malária com dose única

2 de setembro de 2010 | Autor: antonini   

Cientistas descobriram uma nova droga promissora contra a malária, com potencial de tratar, com uma única dose, cepas mais resistentes da doença mortal, revelou um estudo publicado esta quinta-feira na revista científica Science.

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WASHINGTON, 2 setembro 2010 (AFP) - Cientistas descobriram uma nova droga promissora contra a malária, com potencial de tratar, com uma única dose, cepas mais resistentes da doença mortal, revelou um estudo publicado esta quinta-feira na revista científica Science.

O fármaco poderá estar disponível para testes clínicos ainda este ano, e parece ser mais potente do que os medicamentos usados atualmente, afirmaram cientistas.

"Estamos exultantes com o novo composto", afirmou Elizabeth Winzeler, co-autora do estudo, professora do Instituto de Pesquisas Scripps e membro do Instituto de Genômica da Fundação de Pesquisa Novartis.

"Tem muitas características encorajadoras enquanto candidato a medicamento, inclusive um perfil de segurança atraente e potencial de tratamento em uma única dose oral", acrescentou.

Os métodos de tratamento atuais exigem que os pacientes tomem o medicamento de uma a quatro vezes por dia de três a sete dias. Reduzir o tratamento a uma dose única dá menos oportunidade ao parasita desenvolver resistência ao medicamento, explicaram os cientistas.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, em 2008 houve aproximadamente 247 milhões de casos de malária, doença que causou naquele ano quase um milhão de mortes, a maioria entre crianças pequenas na África.

A malária é contraída quando pessoas são picadas por mosquitos infectados com o parasita Plasmodium. A doença causa febre e vômitos e pode tornar-se rapidamente perigosa ao interromper o fluxo sanguíneo para órgãos vitais.

Os parasitas desenvolveram resistência a uma série de medicamentos antimalária em muitas partes do mundo e há mais de uma década uma nova classe de medicamentos para tratar a doença começou a ser amplamente usada.

"A malária permanece um flagelo", disse Mark Fishman, presidente dos Institutos de Pesquisa Biomédica da Novartis.

"O parasita demonstrou ter uma habilidade frustrante de neutralizar novos medicamentos, do quinino aos derivados de artemisinina, cuja resistência atual é perturbadora", afirmou em um comunicado.

"Estamos felizes de que nossos cientistas possam fornecer esta nova terapia potencial para a malária, baseados em uma estrutura química sem precedentes e direcionada para um novo alvo", acrescentou.

O medicamento foi testado em camundongos infectados com uma cepa de malária que costuma matar no prazo de uma semana.

Uma única e elevada dose do medicamento mostrou-se capaz de curar todas as cobaias infectadas. Três dos seis ratos que receberam uma dose menor foram curados, e a taxa de cura chegou a 90% entre aqueles que tomaram três vezes a droga de menor dosagem.

Tem havido pouco incentivo econômico para o desenvolvimento de novos medicamentos antimalária porque a doença ataca, sobretudo, os países mais pobres do mundo.

O composto, denominado NITD609, foi desenvolvido em parceria com a gigante farmacêutica Novartis, algumas organizações sem fins lucrativos, agências governamentais americanas e cingapurianas e cientistas de universidades dos Estados Unidos, da Suíça, da Tailândia e da Grã-Bretanha.

A droga foi descoberta graças a uma triagem nos arquivos da Novartis sobre 12 mil produtos naturais e compostos sintéticos, que permitiu encontrar complexos ativos contra a forma mais letal do parasita da malária.

Na primeira pesquisa, foram selecionados 275 compostos e a lista foi reduzida a 17 candidatos potenciais.

"Desde o princípio, por causa de sua estrutura e química, o NITD609 foi separado de todos os outros medicamentos antimalária usados atualmente", disse Winzeler em um comunicado.

"O novo medicamento antimalária ideal não seria apenas uma alteração dos fármacos existentes, mas teria características e mecanismo de ação inteiramente novos. É o caso do NITD609", acrescentou.

Estudos mais amplos em animais estão em andamento e os cientistas agora trabalham para obter a aprovação para testes de fase 1 em humanos.


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