Estrada da Graciosa
6 de junho de 2010 | Autor: antonini
Partindo da BR-116, a 37 km de Curitiba, a Rodovia PR-410, Estrada
da Graciosa, cujo percurso genérico dá-se no sentido NW-SE, corta a
área correspondente ao Projeto Marumbi 1, em seu ponto médio
transversal, sendo uma estrada de grande interesse turístico, com
traçado peculiar cheio de contornos, oferecendo vários atrativos
paisagísticos e panorâmicos, equipamentos para piquenique, quedas
d’água e ribeirões, apropriados para banho.
Além da Estrada em si, há, em todo o percurso de aproximadamente 20
km, pontos como: Vista Engenheiro Lacerda, Vista Engenheiro
Cavalcanti, Marco Histórico, pequena casa próxima ao Viaduto
Engenheiro Cavalcanti, Caminho dos Jesuítas, ponte de ferro sobre o
rio Mãe Cativa.
Essa Estrada ligando Curitiba ao Litoral Paranaense começou a ser
utilizada antes mesmo da chegada do homem branco à região; por algum
tempo, foi a única rota trafegável permanente, transpondo a Serra do
Mar. Hoje a Graciosa é, acima de tudo, uma via turística, com vistas
espetaculares.
Serpenteando através da serra, com seus paralelepípedos e pontes,
ladeada por bicas de águas cristalinas e rios cascateantes, compete
com igualdade de condições com a estrada de ferro Curitiba-
Paranaguá na preferência dos visitantes.
Não se sabe exatamente quando foram concluídas as obras da graciosa.
Um relatório do engenheiro Francisco Monteiro Tourinho, datado de
1873, diz que só faltavam pequenos detalhes para o fim da
construção. Acredita-se, portanto que a estrada ficou pronta em
março daquele ano.
O projeto original era ligando o porto de Antonina e Curitiba. Mais
tarde foram construídos os ramais de Morretes e Paranaguá. Em tempos
mais remotos, no entanto, havia ali uma tribo de índios, conhecida
como Peabirá, segundo o padre Ruiz de Montóia da Companhia de Jesus.
Origem mística
Segundo o Padre Ruiz de Montóia, o próprio São Tomé Apóstolo foi
construtor da Graciosa. “Cerros e penhascos conservam as pegadas de
São Tomé em toda a extensão do caminho de mais de 200 léguas, com
oito palmos de largura e nesse espaço nascia certa erva muito miúda
que dos dois lados crescia até quase meia vara e ainda quando se
queimassem aqueles campos e veredas sempre nascia a erva do mesmo
modo”.
A teoria do Jesuíta baseava-se no fato de que, quando chegou ao
Brasil, os nativos e aventureiros chamavam a Estrada de “Caminho do
Pai Zumé”. É certo que foi palmilhada por Aleixo Garcia, em 1523,
até o Peru. Nuñez Cabeza de Vaca a percorreu em 1541, descobrindo as
Cataratas do Iguaçu. Também a trilharam os primeiros exploradores da
região, como Raposo Tavares, João Ramalho e seus companheiros de
Santo André.
Via em disputa
A Graciosa surge como fruto de uma longa disputa entre duas cidades:
Antonina e Paranaguá. Os parnanguaras defendiam a utilização da
Estrada de Itupava, atual leito da Estrada de Ferro
Curitiba-Paranaguá, para transpor a Serra do Mar. Já os capelistas
(antoninenses) preferiam a Graciosa menos íngreme, e mais curta.
A pendência começada em 1707 e mantida através de disputas
permanentes, nas quais entravam em jugo, além da habilidade política
de uma ou de outra parte, os interesses comerciais, só acabou em
1820, quando D. Pedro I baixou a ordem régia, considerando de
transito livre a Estrada da Graciosa, razão pela qual a estrada pode
na realidade ser considerada 53 anos mais antiga. No entanto, em
1973 comemorou-se o centenário das melhorias introduzidas em 1873,
alargando-a e lhe dando condições de transito permanente, para
tropas e carroções.
Atualmente a rodovia BR-277 que liga Curitiba ao litoral, coloca a
Graciosa em segundo plano como escoadouro de tráfego, mas
modernizada com revestimento asfáltico e bem cuidada em seus
canteiros de flores silvestres, a histórica estrada voltou a ganhar
a preferência dos que desejam uma viagem sem engarrafamentos e
cercada de inúmeras vistas panorâmicas, até bem pouco tempo atrás.
Com a concessão da Rodovia BR-277 para exploração de pedágio, a
Graciosa voltou a receber tráfego intenso de motoristas que não
concordam ou não querem pagar o valor do pedágio (R$12,50 em
dezembro de 2009), tornando o turismo praticamente impossível
por todo seu percurso. Veja na imagem abaixo, a quantidade de
veículos passando pelo posto de fiscalização da Polícia Rodoviária
Federal na entrada da estrada, a partir da BR-116, sentido Curitiba
– São Paulo: