PF cria software para vigiar P2P
4 de novembro de 2008 | Autor: antonini
Aplicativo desenvolvido pela PF visa identificar quem troca material
pedófilo.
A partir de um programa de computador totalmente desenvolvido pela
Polícia Federal, a Operação Carrossel 2 informou a mais de 170 países
sobre casos de pedofilia ocorridos em seus territórios.
De acordo com o delegado do Departamento de Combate a Crimes
Cibernéticos da PF, Adalton Martins, por meio desse programa os agentes
digitavam algumas palavras-chaves relacionadas ao crime e descobriam
quem estava trocando arquivos com esses nomes no momento da busca –
geralmente esses arquivos são compartilhados por meio de outros
programas de troca como e-mule, e-donkey ou Kazaa.
Com isso, a PF descobriu os IPs – espécie de identidade virtual do
computador ligado à internet – envolvidos nas trocas e buscou nas
companhias telefônicas os endereços reais (físicos) das máquinas.
“Com as empresas telefônicas foi outro problema. Muitas deles demoram
para nos enviar os dados e mandam incompletos. É preciso uma
regulamentação sobre isso”, declarou o delegado Martins.
As informações referentes a outros países foram encaminhadas para que a
Polícia Internacional (Interpol) e o adidos policiais no Brasil
repassassem para investigações locais. Com isso, oito países puderam
deflagrar a operação simultaneamente: Israel, Grécia, Portugal, Holanda,
Lituânia, Sri Lanka, República Tcheca, Senegal e Japão.
Segundo Thiago Tavares, presidente da Safernet Brasil, organização
não-governamental que recebe denúncias de pedofilia na internet, a
legislação insuficiente prejudicou o destaque ainda maior do Brasil.
“Essa é a maior operação da história brasileira de combate à pedofilia.
Agora, infelizmente a falta de uma legislação que criminalize a posse
[do conteúdo pornográfico infantil] impediu que centenas de pessoas
fossem presas em flagrante por estarem portando esse conteúdo, fazendo
com que o ônus da prova recaia sobre a perícia”, alegou Tavares.
“É muito importante, além do avanço tecnológico, ter uma legislação que
permita a prisão dessas pessoas ao serem flagradas portando conteúdo
pedófilo”, completou o presidente da Safernet.
Atualmente, a lei brasileira só pune quem envia, publica ou produz
material pornográfico com crianças e adolescentes. Dessa forma, a não
ser que em algumas das buscas iniciadas hoje, os agentes da Polícia
Federal flagrem alguém enviando o conteúdo, os donos dos computadores
apreendidos só poderão ser presos se a perícia comprovar que os
conteúdos foram produzidos ou enviados por eles.
Um projeto de emenda ao Estatuto da Criança e do Adolescente foi
proposto pela CPI da Pedofilia no Senado, mas não está andando com a
celeridade que o presidente da CPI, senador Magno Malta, gostaria. Nele
os senadores tornam crime também a armazenagem e a reprodução do
conteúdo.
“Nós já votamos essas tipificações na CPI e agora o projeto está na
Câmara. É preciso que a Câmara vote. Se já tivesse votados hoje não
seriam 113 mandados de busca e apreensão e sim 113 mandados de prisão”,
disse o senador, lembrando que nos outros países onde a operação
aconteceu, as pessoas envolvidas foram presas.