1º de março de 2013 | Autor: antonini
Isso é uma vergonha e enche de lama uma de nossas mais altas cortes. Leia abaixo:
Dois Brasis, triste realidade de um povo.
Acordei cedo nesta quinta-feira, 21 de fevereiro com o coração renovado de esperança, certo que tudo que fizemos não poderia ser reprovado, que todas as provas apresentadas eram inquestionáveis.
Os corpos de meu filho e de seu amigo, a embriaguêz comprovada por exames, testemunhas e pelo próprio depoimento do réu, a velocidade comprovada pela perícia do Paraná em mais de 170 KM/H em uma via pública, a carteira cassada devido aos 130 pontos, decididamente NÃO foram provas para quem está acima da lei.
Muito fácil de entender, a grande maioria do povo está abaixo da lei, mas há aqueles que estão acima.
Acompanhado
de meu advogado, o Dr. Elias Mattar Assad, chegamos ao
plenário do supremo um pouco antes das 14:00.
Iniciado os julgamentos às 14:10 pautados para o dia,
não conseguia controlar a ansiedade, a expectativa. Os
primeiros casos a serem julgados eram pedidos de habeas corpus,
advogados de dois empresários falidos acusados de descontar
de seus funcionários o INSS e não
recolhê-los e de um falsificador, pediam a
diminuição da pena.
O quarto processo pela ordem era o nosso.
O
ministro relator Sebastião Reis Júnior,
começou a ler os principais pontos do recurso do
Ministério Público. Logo em seguida passou a
palavra ao assistente da acusação o nosso
advogado Elias Mattar Assad, e estranhamente alertou-o para que
fosse
breve. Inflamado o Dr. Elias resumiu em poucas palavras o seu
discurso,
ressaltando as provas de embriaguez, da velocidade e da carteira
de
motorista cassada, lembrando aos ministros a importancia do
caso, um
divisor de águas para crimes de trânsito.
Em seguida foi a vez do advogado de defesa contratado pela
Família Carli que atua pelo escritório de
Brasília do ex-ministro Nilson Naves, o Dr. Cesar
Bittencourt.
Em
seu pronunciamento acusou os novos
juízes de incompetentes, despreparados, de desconhecer o
significado de DOLO EVENTUAL,
que o ex-deputado estaria sendo vítima da mídia e
do povo do Paraná simplesmente por ser político e
rico, que cometeu um crime comum de trânsito. Ouvindo
atentamente as palavras do advogado, chamou-me a
atenção o presidente da Sexta Turma o ministro
Ogg Fernandes, que de forma insistente balançava o seu rosto
em sinal de APROVAÇÃO e
ADMIRAÇÃO.
Terminado o seu discurso, Ogg Fernandes ofereceu caso o advogado
de
defesa desejasse, todo o tempo necessário. Não
aceitando, o relator deu sequência aos trabalhos dizendo que
o processo fôra prejudicado pela questão
técnica do álcool, que deveria retornar para que
fosse julgado novamente pelo TJPR.
Não entendi mais nada, termos jurídicos eram colocados alegando que o pocesso então chamado de Mona Lisa devido a presença de tão fortes evidências, apresentava problemas que impediam a confirmação do Júri Popular.
Como
pai de um dos jovens mortos, receber a notícia passados
quatro anos, digerir que o processo terá que voltar ao TJ do
Paraná, me fez refletir sobre o nosso país.
Existem os que estão abaixo e os que estão acima
da lei. Voltei ao dia 7 de maio de 2009, segundos antes da
tragédia e entendi porque.
Havia uma sombra que fazia sombra ao passat do ex-deputado. Esta
figura
usando de sua influência por interesse pessoal, ajustou o
processo dentro das brechas e entendimentos jurídicos.
O
que se esconde atrás destas duas mortes?
Que força é esta capaz de chegar a
Brasília e transformar a verdade em mentira e a metira em
verdade?
Para muitos, mais duas vítimas da violência do
trânsito, tristezas que se somam a milhares de outras
alimentadas pela impunidade de décadas e décadas
em nosso país.
Ouvi
nesta última quarta de um
grande amigo a informação que irá
deixar o Brasil
com sua família. A razão: a INJUSTIÇA.
Que não suportaria viver com a dor da perda de um filho.
A violência está em toda parte e os responsáveis somos nós que aceitamos que professores sejam desvalorizados, que a educação seja tratada com desinteresse. A omissão transformou este rico país, em um país pobre de esperança.
Gilmar Yared